Voz Oblíqua: abril 2006
 
    The Voice Mail

 

Voz Oblíqua

Voz: [subst. fem.] Produção de sons emitidos no ser humano pela laringe com o ar que sai dos pulmões; grito; clamor; linguagem; fig. opinião; poder; inspiração; conselho; sugestão. Oblíqua: [adj. fem.] enviesado; torto; vesgo; fig. indirecto; dissimulado; ambíguo; dúbio.
 
 
 

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    Esfera Dualizadora domingo, abril 30, 2006

    Esfera DualizadoraA patologia tem início logo nos primeiros anos da nossa infância quando os nossos pais nos preparam para as tenebrosas contas da primeira classe (prefiro esta terminologia, àquela que se usa actualmente). É de mim, ou é mais fácil fazer cálculos com números pares, do que com números ímpares? Já na escola primária, e sob um determinado móbil não-identificado, as meninas são catalogáveis e catalogadas por não resistirem à tentação, salvo raras excepções, de irem ao quarto-de-banho em conjunto (e o que se passa dentro daquelas portas irá permanecer em mistério para o mais curioso de todos os homens curiosos)!

    Depois vêm as sacramentos: a primeira comunhão, mais dissimulada, e a solene, altura em que todos nos fazem acreditar que já estamos tão crescidas, que podemos começar a preparar o enxoval, e por isso nos obstruem e estorvam com demais presentes, quase todos rendados, pintados à mão ou debruados a fio de ouro!

    Assim chegámos à idade do armário, talvez o momento mais crítico de criação de rótulos da nossa vida. Se fores popular no teu liceu, terás inúmeros namorados, logo serás bem sucedida! Mas se por algum acaso te decidires a apostar na tua própria formação, remetendo os namoricos para os sábados à noite com horas marcadas para chegar a casa, estás a abrir um pressuposto: a selectividade!

    Mais tarde, nos primeiros anos de faculdade, começamos a perceber que o mundo nos emite diariamente pequeninos sinais mais protuberantes do que qualquer luz néon de supermercado de beira de estrada! Mas é precisamente na altura em que as mulheres solteiras, bem sucedidas profissionalmente, e olhadas enviesadamente na rua por casadas insaciadas, atingem o apogeu da sua independência, que reparam que tudo à sua volta vocifera para que constituam família JÁ: no acto de reunirem os mantimentos para a sua dispensa são subtilmente influenciadas pela embalagem de quatro iogurtes que não pode ser subdividida, a promoção de pares de um qualquer hipermercado ou as embalagens económicas de pizas (leve 2, pague 1)!

    Aprendi em História que há mais de 60 anos atrás foi criado o ramo feminino da Mocidade Portuguesa. Jovens raparigas eram adestradas para poderem mais tarde assumir o papel de perfeitas donas de casa, atendendo sempre à trilogia do regime do Estado Novo: Deus, Pátria e Família!

    Quando o recordei, dei comigo a questionar: serão todas estas pressões sociais novas formas de ditadura, oprimindo e reprimindo quem adia a constituição de família em prol de uma aposta numa vida ímpar?

    @ Voz das Beiras [Mar'06]

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    Momento "Mais valia estar calado(a)" - I sexta-feira, abril 28, 2006

    Oops
    Contexto: Quatro amigos esfomeados dentro de um carro à procura de estacionamento próximo do local onde queriam lanchar! A condutora, desesperada, comenta a sua falta de sorte na procura de lugares para estacionar, quando de repente todos avistam dois espaços vazios. Mas...

    Condutora: (Aborrecida.) Estava-se mesmo a adivinhar, já estão estes dois para estacionar lá!!!

    Amigo: Não faz mal, está ali outro mais à frente, junto ao Seat!

    Condutora: (Era um golpe de sorte, o lugar era mesmo junto à entrada da sala de chá.) O que não me vale conduzir contigo do lado! Dás-me sorte...

    Amigo: Deixaram o lugar vago, porque sabiam que eu vinha cá hoje...

    Eis senão quando chegam mais próximo do "dito" lugar vazio e reparam no sinal aqui do lado! Os olhares de todos os ocupantes do carro recaíram sobre ele, que se mostrava envergonhado!

    Seguiram-se muitas gargalhadas...

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    Solução do Teste sobre a Revolução dos Cravos quinta-feira, abril 27, 2006

    Revolução de AbrilNos tempos que antecederam à revolução de Abril o Presidente do Concelho era Marcelo Caetano (pergunta 1 - hipótese c).

    Dizem que nessa manhã os soldados revoltosos se cruzaram com uma florista a quem pediram cigarros. Na impossibilidade de lhes satisfazer essa vontade, e em sinal de gratidão para com o motim libertador, a humilde mulher ofereceu-lhes cravos que eles colocaram simbolicamente nos canos das suas espingardas, dado não os poderem usarem qualquer outro local da sua farda (pergunta 2 - hipótese b).

    A sigla MFA refere-se ao Movimento das Forças Armadas, do qual faziam parte os militares responsáveis pelo golpe que terminou com o Estado Novo (pergunta 3 - hipótese b) naquela madrugada de Abril.

    O primeiro comunicado do MFA foi lido por Joaquim Furtado aos microfones do Rádio Clube Português. Foi a primeira participação directa de um civil nas operações daquela noite (pergunta 4 - hipótese c / pergunta 5 - hipótese b).

    Otelo Saraiva de Carvalho foi considerado o estratega do Movimento dos Capitães, e foi ele quem redigiu o Plano Geral de Operações daquela revolução, documento que ele chamou de Viragem Histórica (pergunta 6 - hipótese b / pergunta 7 - hipótese c).

    O sinal que serviu para que os militares percebessem que era seguro avançar com o plano de operações foi dado através da transmissão da canção «E depois do Adeus», de Paulo de Carvalho (pergunta 8 - hipótese a). E só a título de curiosidade, foi a canção do aveirense Zeca Afonso, «Grândola Vila Morena», que confirmou o sucesso da operação militar.

    O primeiro comunicado feito à nação através do Rádio Clube Português foi lido às 04h30 da madrugada do dia 25 de Abril (pergunta 9 - hipótese a).

    António Spínola de Carvalho foi junto de Marcelo Caetano ao Quartel do Carmo para negociar a rendição do presidente da altura, e foi o próprio que se veio a auto-nomear para a Presidência da República (pergunta 10 - hipótese c / pergunta 12 - hipótese a).

    A euforia com que as pessoas recebiam os militares ao longo das ruas era retribuída com gritos de "Vitória!" à passagem das colunas militares (pergunta 11 - hipótese b).

    Otelo Saraiva de Carvalho montou o posto de comando das operações militares no Regimento de Engenharia da Pontinha (pergunta 13 - hipótese b). Este militar foi, após a Revolução dos Cravos, nomeado comandante do Comando Operacional do Continente, mais conhecido por COPCON (pergunta 14 - hipótese c).

    Depois da sua rendição no dia 25 de Abril, Marcelo Caetano e os restantes membros do seu governo foram transportados para o Funchal, para serem posteriormente exilados no Brasil (pergunta 15 - hipótese c).

    Esta Revolução de Abril de '74 trouxe, entre muitas outras coisas, o princípio da não-descriminação e a sedimentação do princípio da igualdade da mulher, daí as alterações a nível lexical, com a possibilidade de se criarem as formas femininas dos nomes das profissões (pergunta 16 - hipótese b).

    Parabéns à Tété e à Papoila Saltitante! Parece que as senhoras professoras foram as únicas a acertar à totalidade de respostas.

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    Sobre a Revolução dos Cravos quarta-feira, abril 26, 2006

    Revolução dos Cravos
    Comemorou-se ontem o 32º aniversário pós-revolução dos cravos, decorrida a 25 de Abril de 1974. Este é um dos mais importantes marcos da nossa história contemporânea, e apesar de eu fazer parte da dita “geração rasca” que, quando entrevistada, não sabe responder às questões mais básicas sobre esta página da nossa história, devo revelar-vos que uma das minhas frustrações (a par da de não ter nascido na Lisboa do primeiro quarto do século XX, e não ter privado com o poeta errante, Pessoa) é o não ter podido viver em consciência esta insurreição!

    Hoje, para algo bem diferente, gostava de pôr à prova os vossos conhecimentos sobre esta data histórica! Claro que podem consultar o Google para vos ajudar, mas a ideia será portarem-se como num programa de televisão, em que têm de responder segundo o vosso instinto. Deixem depois a combinação de respostas certas nas caixas de comentários habituais. Não tenho prémios para vos oferecer, apenas a recordação de um assunto que nunca é demais ser lembrado.

    Pergunta 1: Quem era o Presidente do Concelho antes da Revolução de Abril?

    a) António de Oliveira Salazar
    b) António de Spínola
    c) Marcelo Caetano

    Pergunta 2: Onde colocaram os militares os cravos que lhes ofereceram?

    a) na lapela
    b) no cano das espingardas
    c) no bolso de trás das calças

    Pergunta 3: O que foi o MFA?

    a) Movimento Final de Alvorada
    b) Movimento das Forças Armadas
    c) Movimento Fronteiras Abertas

    Pergunta 4: De que civil foi a primeira participação directa nas operações da madrugada de 25 de Abril?

    a) Fernando Pessa
    b) Costa Neves
    c) Joaquim Furtado

    Pergunta 5: De que forma surgiu essa participação?

    a) através de um artigo de jornal
    b) através de um comunicado na rádio
    c) num exclusivo directo em televisão

    Pergunta 6: De que movimento fazia parte Otelo Saraiva de Carvalho?

    a) Movimento de Abril
    b) Movimento dos Capitães
    c) Movimento dos Capitães de Abril

    Pergunta 7: No Plano Geral de Operações, que nome dava Otelo à operação montada para a madrugada da revolução?

    a) Libertação Histórica
    b) Movimento Histórico
    c) Viragem Histórica

    Pergunta 8: Que canção serviu de senha para os militares perceberem que era seguro avançar com o plano?

    a) E depois do adeus, de Paulo de Carvalho
    b) Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso
    c) Gaivota, de Ermelinda Duarte

    Pergunta 9: A que horas foi lido o primeiro comunicado à nação na madrugada de 25 de Abril?

    a) 4h30
    b) 5h30
    c) 6h30

    Pergunta 10: Que General do MFA foi ao Quartel do Carmo para negociar a rendição do governo com Marcelo Caetano?

    a) Ramalho Eanes
    b) Otelo Saraiva de Carvalho
    c) António de Spínola

    Pergunta 11: Qual era o grito dos populares que mais se fazia ouvir à passagem das colunas militares?

    a) “Revolucionários!”
    b) “Vitória!”
    c) “Abaixo o regime!”

    Pergunta 12: Quem nomeou António de Spínola para a Presidência da República?

    a) o próprio
    b) o povo
    c) os militares do MFA

    Pergunta 13: Onde montou Otelo o posto de comando das operações militares?

    a) no Terreiro do Paço
    b) No Regimento de Engenharia da Pontinha
    c) no Rossio

    Pergunta 14: Após a revolução dos cravos, Otelo foi nomeado comandante do COPCON. Que significa esta sigla?

    a) Comandante Otelo Põe Carácter e Organização na Nação
    b) Comando Operacional dos Comandantes Organizados da Nação
    c) Comando Operacional do Continente

    Pergunta 15: Onde foi exilado Marcelo de Caetano depois da destituição do seu governo e da sua rendição?

    a) Moçambique
    b) Angola
    c) Brasil

    Pergunta 16: Com relação à língua portuguesa, qual foi uma das principais alterações pós-25 de Abril?

    a) a possibilidade de dizer palavrões
    b) as formas femininas dos nomes das profissões
    c) a possibilidade de dizer mal dos outros na rua

    Boa Sorte e Bom Dia-Pós-Feriado!

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    O Dia Mundial do Livro... domingo, abril 23, 2006

    Dia Mundial do Livro
    ...comemora-se hoje, 23 de Abril. Esta data foi escolhida pela UNESCO, e pretende honrar uma tradição catalã que diz que, neste dia, em troca das rosas vermelhas que oferecem às suas damas, os cavaleiros recebem um livro!

    Para mim os livros são muito mais do que conjuntos de páginas impressas! São motores de imaginação, criadores de sonhos, personificações de vidas, protótipos de metáforas e alegorias... Leio apenas um de cada vez, mas dou-lhe sempre lugar de honra na mesinha de cabeceira!

    Para os que, tal como eu, se perdem nos mistérios das palavras, hoje ofereço-vos a versão integral de um dos meus livros preferidos (é bem curtinho, mas dá-nos uma grande liçao de vida).

    Não há longe, nem distância - Richard Bach


    Rae! Muito obrigado pelo convite para a tua festa de anos! A tua casa fica a milhares de quilómetros da minha, só faço uma viagem por uma boa razão... E não pode haver melhor que uma festa em honra de Rae. Estou ansioso por estar contigo.

    Iniciei a minha viagem no coração do Beija-Flor que tu e eu conhecemos há muito. Foi simpático como sempre, mas no entanto, quando lhe disse que a pequena Rae estava a crescer e que ia ao seu aniversário e lhe levava um presente, ele ficou confuso. Voámos juntos em silêncio durante um bom bocado e por fim observou:

    «Não compreendo quase nada do que dizes, mas sobretudo não percebo porque dizes que vais à festa.»

    «É claro que vou à festa!» disse eu. «Qual é a dificuldade de perceber isso?» Ficou calado; quando chegámos a casa do Mocho disse: «Poderão os quilómetros separar-nos dos nossos amigos? Se queres estar junto de Rae não estarás já lá?»

    «A pequena Rae está a crescer; vou ao aniversário dela e levo-lhe um presente», disse eu ao Mocho.

    Era estranho dizer vou, depois da conversa com o Beija-Flor, mas mesmo assim disse-o, para que o Mocho pudesse compreender. Também ele voou em silêncio durante um bocado. Foi um silêncio amigável. Quando me pousou são e salvo em casa da Águia, disse: «Não percebo nada do que dizes, mas sobretudo não percebo porque chamas pequena à tua amiga.»

    «É evidente que é pequena», disse eu. «Ainda não cresceu. Que dificuldade há em perceber isso?» O Mocho mergulhou em mim o seu profundo olhar de âmbar, sorriu e disse: «Medita sobre isso.»

    «A pequena Rae está a crescer; vou ao aniversário dela e levo-lhe um presente», disse eu à Águia. Agora era estranho dizer vou e pequena, depois das conversas com o Beija-Flor e com o Mocho, mas mesmo assim disse-o para que a Águia compreendesse.

    Juntos voámos sobre as montanhas e planámos ao sabor dos ventos das altitudes. Por fim, ela disse: «Não compreendo quase nada do que dizes, mas sobretudo não percebo essa palavra, aniversário.»

    «Aniversário, claro», disse eu. «Vamos celebrar a hora em que Rae nasceu e antes da qual ela ainda não existia. Que dificuldade há em perceber isso?»

    A Águia colocou as suas asas na posição de voo de mergulho e fez uma aterragem suave na areia do deserto. «Uma época anterior à vida de Rae? Não te parece que a vida de Rae começou antes de o tempo existir?»

    «A pequena Rae está a crescer; vou ao aniversário dela e levo-lhe um presente», disse eu ao Falcão. Parecia-me estranho dizer vou, pequena e aniversário, depois da conversa com o Beija-Flor, o Mocho e a Águia, mas disse-o mesmo assim, para que Falcão compreendesse.

    Lá em baixo o deserto deslizava distante; por fim ele disse: «Sabes, não compreendo nada do que dizes, mas sobretudo não percebo o que queres dizer com crescer.»

    «Crescer, claro», disse eu. «Rae é quase adulta, afastou-se mais um ano da infância. Que dificuldade há em perceber isso?»

    Finalmente o Falcão aterrou numa praia solitária. «Afastou-se mais um ano da infância? Não me parece que isso seja crescer!» Elevou-se no ar e partiu.

    Sabia que a gaivota era muito sensata. Quando voava com ela pensei muito e escolhi as palavras, para que quando as pronunciasse ela percebesse que eu tinha aprendido alguma coisa. «Gaivota», disse eu por fim, «porque me levas a ver Rae, se sabes que na realidade já me encontro junto dela?»

    A Gaivota curvou sobre o mar, sobre os montes, sobre as ruas e pousou delicadamente no cimo do teu telhado. «Porque o mais importante», disse, «é que tu conheças essa verdade. Até te aperceberes dela, até a compreenderes inteiramente, apenas a podes demonstrar com coisas pequenas e com ajuda exterior de máquina, pessoas e pássaros. Mas lembra-te», continuou ela: «o facto de não ser reconhecida, não faz com que a verdade deixe de ser verdadeira.» E partiu.

    Agora é altura de abrires o teu presente. Prendas de metal e vidro gastam-se num dia e desaparecem. Tenho uma melhor para ti. É um anel que tu podes usar. Cintila com uma luz especial e ninguém o pode roubar; não pode ser destruído. És a única pessoa do mundo que pode ver o anel que te dou hoje, tal como eu era o único que o podia ver, quando era meu.

    O teu anel dá-te um novo poder. Quando o usares, podes subir nas asas de todos os pássaros que voam - podes ver pelos seus olhos dourados, acariciar o vento que sopra através das suas penas de veludo, conhecer a alegria de te elevares sobre o mundo e as suas preocupações. Podes ficar no céu todo o tempo que quiseres, tanto durante a noite como durante a alvorada; quando quiseres voltar cá a baixo, as tuas perguntas terão resposta e as tuas preocupações terão desaparecido.

    Como tudo o que não pode ser tocado pela mão, nem pode ser visto pelos olhos, o teu presente tornar-se-á mais poderoso à medida que o fores usando. A princípio só conseguirás utilizá-lo quando estiveres ao ar livre e vires o pássaro com quem voas. Mais tarde, se o usares bem, funcionará mesmo com pássaros que não consigas ver e finalmente descobrirás que não tens necessidade do anel nem do pássaro para os teus voos solitários sobre o silêncio das nuvens. Quando esse dia chegar, deves dar a tua prenda a alguém que a use bem e que compreenda que as únicas coisas que contam são as coisas feitas de verdade e de alegria e não as de metal e de vidro.

    Não há longe, nem distânciaRae, este é o último dia especial, de festa, que passarei contigo, depois de ter aprendido tudo isto com os nossos amigos, os pássaros. Não posso partir para estar contigo, porque já aí estou. Não és pequena, porque já cresceste, brincando em cada uma das tuas vidas, pelo prazer de viver, como todos nós.

    Não tens aniversário porque sempre viveste; nunca nasceste e nunca morrerás, não és filha daqueles a quem chamas mãe e pai, és o seu companheiro de aventuras na maravilhosa viagem de descoberta de tudo o que existe.

    Cada prenda de um amigo é uma esperança na tua felicidade; assim é este anel.

    Voa, livre e feliz, para além de aniversários, através da eternidade e encontrar-nos-emos de vez em quando, sempre que quisermos, no meio da única festa que nunca poderá terminar.

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    De volta às grandes vitórias! sábado, abril 22, 2006

    Na única altura em que eu mostro os traços do meu sotaque do norte, devo admitir que não achei bonito o que aconteceu durante o jogo! No entanto a altura é de festa!

    Fê Quê Pê

    [Da mesma forma que eu vos respeitava se qualquer outro clube se consagrasse campeão, espero que se escusem aos comentários de gosto duvidoso...]


    Emplastro

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    O Mistério da Bicicleta Desaparecida ou
    Vamos Brincar ao "Supônhamos"
    sexta-feira, abril 21, 2006

    CyclingSuponhamos que entram no prédio onde moram e reparam numa “mancha vazia” no local onde haviam deixado a bicicleta guardada antes de irem uns dias de férias para casa da família.

    Suponhamos que não vão logo à polícia porque têm a leve suspeita de que não foi roubada por estranhos, mas por alguém bem próximo…

    Suponhamos que encontram um canalizador que anda há uns dias a fazer reparações na estrutura do prédio, e quando o questionam sobre o assunto, acabam por ver a vossa teoria confirmada.

    Suponhamos que ligam inúmeras vezes à pessoa que detém a vossa bicicleta, que para além de não vos atender, não responde às vossas mensagens.

    Suponhamos que, passados dois dias, encontram essa mesma pessoa no prédio, pedem-lhe a bicicleta, e ela não a entrega, acusando-vos de se quererem estar a apropriar de algo que não é vosso.

    Suponhamos que duas testemunhas lhe confirmam que a bicicleta é vossa, e ela reitera a não devolução da mesma, chantageando-vos com algumas cedências que espera da vossa parte.

    Suponhamos que é impossível travar uma conversa com essa pessoa, e desistem de conduzir o assunto pelo entendimento particular.

    Suponhamos que vão à polícia fazer a participação do roubo, e que por não possuírem a factura da bicicleta, se vêem forçados a chamar à esquadra a pessoa que vo-la ofereceu há uns anos, para além de outras duas testemunhas que garantam que vos viram a pedalar recentemente.

    Suponhamos que depois de horas na esquadra a polícia vos diz que não podem aceitar a queixa por furto, dado existir uma ligação entre vocês e a pessoa que a detém.

    Suponhamos que a única queixa que podem apresentar é por abuso de confiança (sim, é crime!), mas que as custas ascendem os € 200,00.

    Suponhamos que se cansam de seguir por vias correctas e ordeiras…

    O que fazem a seguir?

    Sugestão: Pedem a amigos próximos para fazer um pouco de teatro, e vão junto da pessoa que detém a vossa bicicleta. Apresentam duas amigas como Consultoras Jurídicas, e um amigo como agente à paisana da Polícia de Segurança Pública. Dão uma ensaboadela à senhora, os amigos estabelecem os limites de entendimento no âmbito da devolução da bicicleta e com relação a contactos futuros entre a tresloucada e a visada do furto-que-afinal-não-é-furto-mas-abuso-de-confiança!!!

    [E sim, este surreal e bizarro episódio passou-se comigo! Ainda se lembram dos tais cartões de contacto deixados ao acaso no balcão do Hospital Psiquiátrico? Enfim...]

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    Destaques Solidários quarta-feira, abril 19, 2006

    Este é daqueles desafios que não podemos ignorar, pois se as famosas correntes da blogosfera servem para nos conhecermos melhor, estas poderão ser aquelas alturas em que o nosso lado solidário mais se evidencia!

    O desafio que me foi lançado pelo
    Alien consiste na divulgação de uma associação humanitária ou de solidariedade social à nossa escolha. Eu não vou ficar por uma, porque aqui me parece pertinente não falarmos apenas em solidariedade para com os nossos semelhantes, mas também para os que estão à nossa mercê!


    União Humanitária dos Doentes com CancroPorque a palavra "cancro" faz parte do meu quotidiano desde Outubro passado, altura em que o meu pai foi surpreendido por este pesadelo pela segunda vez na sua vida, não podia deixar de enaltecer o trabalho da União Humanitária dos Doentes com Cancro, associação que se dedica ao apoio de doentes e seus familiares, e à sensibilização da população sobre esta assustadora doença.

    Entre muitas outras coisas, esta associação incita ao diagnóstico precoce, porque se um cancro (dependendo da sua natureza, claro) for detectado a tempo, na maioria dos casos pode ser tratado, devolvendo assim a (quase) qualidade de vida do doente.

    Esperança é também agora uma palavra que conduz a minha rotina diária, em parte porque os voluntários desta associação souberam como me devolver o sorriso quando eu só sabia verter lágrimas.


    Associação ANIMALE porque eles (animais não-humanos) também precisam de nós, porque não têm voz para denunciar ao mundo as atrocidades constantes de que são vítimas, o meu segundo destaque vai para o papel da Associação ANIMAL (e para quem não sabe, a sigla significa Associação Nortenha de Intervenção no Mundo Animal). Pelo magnífico papel que os activistas da direcção desta associação têm tido, ela é claramente a que mais se destaca na defesa da qualidade de vida dos animais não-humanos.

    A humildade e a inteligência são características que pautam a intervenção desta associação, e o mérito que têm hoje em dia foi bastante suado. É preciso dar o corpo ao manifesto para causas desta natureza, e eu que o diga, porque os acompanho há já muito tempo.


    Depois dos meus destaques, sou a convidar a Pandora, a Caracolinha, o Francisco, a Sara MM, a Tété e a Papoila Saltitante para enunciarem o(s) seu(s) destaque(s)!

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    Walk like an Egyptian

    Walk like an Egyptian
    Ao fiel Alien que pára frequentemente por este planeta vociferador, um grande obrigada pela dança oblíqua que me dedicou! (E tu nem sequer sabias que eu tenho fascínio pela imagem do gato na cultura egípcia...)


    [O mais complicado vai ser "roubarem-me" o assobio da boca, porque com tudo isto não consigo parar de lembrar a sonoridade das The Bangles em Walk like an Egyptian!]

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    Há coisas em que é difícil acreditar... terça-feira, abril 18, 2006

    Numa conversa do MSN confessava-me uma aluna (peço desculpa pelos erros ortográficos, mas respeitei a forma de escrita original da minha interlocutora):

    - Eu tenho xorado tanto... Ixto num devia ser normal...
    - Claro que é normal. Ele fazia parte da tua vida, apesar de tu não fazeres parte da dele.
    - Max eu num o conhexia pexoalmente...
    - Isso não importa para a tua estrutura emocional: ele entrava pela tua casa todos os dias, por isso é natural que te sintas próxima dele! É natural que te custe perceber quão frágeis nós somos, ainda mais quando a mensagem te é veiculada por uma situação tão assustadoramente repentina, e quase irreal!
    - Então num devo ter vergonha de xorar?
    - Claro que não! Só mostra que és capaz de sentir e que começas a perceber o significado da perda.

    Francisco Adam [1983-2006]Os mais atentos perceberão o contexto em que se situou esta troca de palavras. E apesar de eu não querer escrever em homenagem (porque a homenagem prestei-lhe em vida, admirando o seu trabalho) deste jovem que partiu da forma mais estúpida que pode haver - Deus me livre de morrer num acidente de viação -, a verdade é que considero naturalíssimo que a morte de uma figura pública nos choque, ainda mais quando a sua imagem nos vai continuar a entrar pelo ecrã durante os próximos dias, cheia de vida, de piada e de entusiasmo!

    O importante será retirar daqui uma grande lição, e percebermos que somos pequenas e débeis velas que se podem apagar a qualquer instante...

    Às "minhas" meninas (leia-se alunas) que estão muito chorosas, um grande beijinho de consolo, mas uma chamada de atenção para não chorarem pela personagem, mas pelo ser-humano!

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    Post Festivo - Páscoa III sábado, abril 15, 2006

    O Senhor dos Cordeiros
    (tradução livre do original The Lord of the Lambs)

    No reino dos cordeiros há um sopro de paz, mas não muito longe dali, o mal está à espreita. À superfície ouvem-se gritos e clamores. No subsolo milhões de cordeiros esperam pelo dia do julgamento: a Páscoa!

    Há uma esperança...

    ...mas o mal está sempre por perto, pronto a preparar uma emboscada!

    O momento está a chegar. A batalha estás prestes a começar.


    E tu, estás pronto para ajudá-los? Junta-te aos vegetarianos que escolhem passar uma Páscoa sem crueldade.



    Da série:
    * Post Festivo - Páscoa I
    * Post Festivo - Páscoa II

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    Post Festivo - Páscoa II

    Para os curiosos que, como eu, sempre se perguntaram porque se associa a imagem do coelho à Páscoa:

    Coelhinho da Páscoa

    Teoria 1: O coelho é o símbolo da fertilidade, animal reconhecido pelas suas capacidades de reprodução. A Páscoa é o tempo da ressurreição, daí se fazer a analogia entre estes simpáticos bichinhos e uma vida abundante, um processo de restauração, um ciclo que se renova todos os anos.

    Teoria 2: O coelho é um dos primeiros animais a sair da toca aquando da chegada da Primavera. E a Páscoa acontece no início desta estação do ano (apenas no hemisfério norte).

    Teoria 3: No antigo Egipto o coelho era o símbolo da lua, e como é este planeta que "dita" a data da Páscoa...

    Teoria 4: Diz uma lenda que há muitos anos atrás uma pobre mulher coloriu uns ovos para oferecer aos seus filhos, escondendo-os num ninho, e convidando-os a procurá-los. Quando as crianças encontraram um ninho, um coelho enorme passou por lá a correr. As crianças espalharam então a ideia de que havia sido o coelho a trazer os ovinhos!

    Satisfeitos?



    Da série:
    * Post Festivo - Páscoa I
    * Post Festivo - Páscoa III

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    Post Festivo - Páscoa I

    O Domingo de Ramos¹ já foi há quase uma semana, mas só agora tive oportunidade de ver a(s) belíssima(s) flor(es) que a minha amiga Pandora me ofereceu!

    Quem lhe(s) consegue resistir?


    A(s) mais bela(s) flor(es) desta Páscoa


    _________________
    ¹ Este dia recorda a data em que Jesus entrou em Jerusalém pouco antes da sua morte. Havia passado muito tempo em pregação, e quando se dirigiu à sua terra natal o povo aclamou pela sua chegada agitando no ar ramos de palmeira e oliveira, enquanto gritavam "Hosana", que significa "Salvé"!


    Da série:
    * Post Festivo - Páscoa II
    * Post Festivo - Páscoa III

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    Apetece ser Criança... quarta-feira, abril 12, 2006

    ...e atirar indiscriminadamente balões de água...

    Balões de Água

    ...para depois chapinhar no mar como uma louca...

    Chapinhar na Água

    ...subir bem alto num baloiço...

    Baloiço

    ...e acabar lambusada com os melhores pastéis de nata do mundo!

    Pastéis de Nata

    E esta tarde eu fui bem pequenina!!!

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    Crónicas da Vida Real - XIV segunda-feira, abril 10, 2006

    Numa conversa com a mesma amiga, e ainda a propósito das suas relações fugazes, e de como continua a sentir-se objecto com fins medicinais para as pessoas com quem se cruza, soltou outro desabafo:


    Pensos Rápidos


    «Sou penso-rápido, de qualidade idêntica à Hansaplast. Mas mesmo os melhores pensos acabam rompidos... por isso se chamam rápidos!»

    [Ainda para M.]

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    Vicissitudes Logísticas domingo, abril 09, 2006

    Os amigos mais cúmplices já conhecem os meus hábitos estranhos. Isto para dizer que diária e r-e-l-i-g-i-o-s-a-m-e-n-t-e encontro espaço nas mini-malas (sim, porque gosto de contrariar as tendências femininas, e as malas que uso são anti-espaço-a-mais para guardar objectos de terceiros) para a minha agenda. Por vezes nem eu sei porque a uso! Talvez seja por questões de hábito, mas a verdade é que há muito ela deixou de lembrar, para passar apenas a recordar...

    AgendaPasso a explicar: anoto na agenda o que tenho a fazer, mas nunca a consulto para ver que tarefas diárias tenho a resolver. Para reuniões e demais ocasiões tenho uma memória brilhante. Mas fica lá tudo registado, porque mais tarde poderei precisar de lembrar alguma data importante, mas passada.

    Ora se há vantagens neste procedimento, a desvantagem é que, numa organização mental, os meus acontecimentos nunca se sobrepõe, então é natural que já muito próximo da data de alguma coisa, eu me aperceba de que já havia agendado outra. É nesta altura que aplico a lei das prioridades e tudo o que é trabalho passa à frente do lazer. Por mais aborrecido que seja...

    Antes da interrupção lectiva para as férias da Páscoa tive um irrecusável convite para passar uns dias numa quinta de um amigo. Com tudo a que teria direito, pois claro! E não é que, apenas no último dia de aulas, eu me apercebi que não me podia afastar de Aveiro devido a uma formação que estava a fazer?

    Os dias na quinta ficarão para uma próxima oportunidade, mas os fins-de-semana podem ser aproveitados da melhor forma. E esta tarde lá fui tentada pelo mesmo amigo a um banho de piscina interior.

    Este post serve dois propósitos: apresentar ao T. um pedido de desculpa público pela minha falha logística e agradecer-lhe pela água!


    A nadar
    [Conhecem melhor forma de relaxar?]

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    Ao Francisco quinta-feira, abril 06, 2006

    Ele é simpático, um excelente cavaqueador, dono de um sorriso caloroso e enérgico, um ombro confortável, um bom ouvinte e um inigualável animador, para além de escrever de uma forma sedutora, e partilhar comigo a idolatração por Sepúlveda e Kundera!

    Podem conhecê-lo como um
    homem novo ou o último dos românticos, mas para mim ele será sempre um mundano... Como ele mesmo diz, não é bom, nem sequer melhor; é acima de tudo diferente!

    Porque falo sobre o Francisco hoje? Ele está internado desde segunda-feira depois de um pneumotórax espontâneo¹. O nome não demonstra quão fastidioso é para ele estar remetido a uma cama de hospital. Se tudo correr bem, volta amanhã para casa, onde terá de ficar em repouso durante cerca de 15 dias. Sente-se assustado pelo aborrecimento, mas o importante é que melhore rapidamente.

    A minha mensagem para ti, inestimável amigo, é:

    Bem-Vindo a Casa, Francisco

    __________________
    ¹ O que é? É a acumulação anormal de ar entre o pulmão e a pleura que reveste internamente a parede do tórax. O que acontece? Ao circular entre o pulmão e a parede torácica o ar pode comprimir o pulmão e causar dificuldade na respiração.

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    Efemérides... quarta-feira, abril 05, 2006

    I

    Kurt Cobain
    Com apenas 27 anos despediu-se da vida com um tiro na cabeça, deixando apenas uma breve nota ao seu amigo imaginário Bahdda. A ele disse que estava a deixar de sentir, que já não tinha nele paixão por nada, nem ninguém. Preferiu partir num só trago, do que morrer pouco a pouco. E assim, a 5 de Abril de 1994 morreu um dos ídolos da minha adolescência, o músico de Seattle que reuniu na sua sonoridade a melodia dos anos 60, o look dos 70 e a atitude dos 80!

    Numa pequena arca guardo ainda umas palavras que escrevi em sua memória na altura, tinha eu 15 anos:

    «Costumavas dizer que odiavas toda a gente, por isso vou-te odiar também até que esta dor pela tua morte absurda desapareça. Prestei-te culto com orgulho e desespero. Agora só me resta abominar-te por teres fugido sem uma palavra, um adeus. Julguei ver nas tuas canções desbragadas qualquer coisa como uma profunda ternura. Agora não passas de uma alma errante, outrora niilista selvagem... Com os olhos postos no céu vou repetir-te mais uma vez: smells like a teen spirit!»


    II

    Ana, a Dona do Café
    Mas esta data não são só consternações. A 5 de Abril de 1984 nascia uma linda menina de sorriso largo e olhos claros, que viria a abrir um espaço onde todos nos regozijamos: a mesa de café, onde lemos aquilo que nos escreve, para além de podermos escrevinhar.

    Ana, a ti tenho a desejar que o futuro te ria tanto, quanto tu ris aos outros. Que ele te ofereça tantas coisas boas, quanto tu ofereces a nós. Que ele te abrace com todo o amor que guardas no teu coração e tão candidamente ofereces aos que te rodeiam. Que ele te proteja num baú de tesouros e te faça brilhar tanto, quanto essas lágrimas que quero que sequem nos teus olhos.

    O dia de hoje é teu e deve ser encarado como a entrada num patamar diferente, num estágio superior. O passado deve ser olhado com orgulho, mas sem quaisquer lamentações. Como disse Gabriel Garcia Marques, ou Gabo, “não chores porque acabou; sorri porque aconteceu”. Tens à tua volta pessoas que gostam genuinamente de ti, e todos vamos unir forças para criar energias muito positivas e te arrancar o maior sorriso de sempre… em breve!

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    Opiniões... segunda-feira, abril 03, 2006

    Rodrigo Guedes de CarvalhoNa crónica O País & O Mundo na Revista TV Mais, o jornalista da SIC, Rodrigo Guedes de Carvalho, escreveu umas linhas "afiadas" acerca da exploração dos animais em circos, agora televisionada e mediatizada por um programa revelador da pobreza de espírito do Zé Povinho: o Circo das Celebridades.

    No P'los Animais abordei já esta temática algumas vezes, pelo que hoje, just for a change, vou deixar-vos com as palavras deste jornalista:

    «Não em nome da objectividade, mas da elegância, sempre me coibi aqui da crítica directa a programas de televisão. Se são da SIC, parece uma crónica "caseira". Se são da concorrência, parece fel previsível. Entendam, pois, que não está aqui em causa a TVI, ou sequer o senhor Cardinalli. Falo apenas numa questão na qual sou, assumidamente, fundamentalista: a defesa e os direitos dos animais (sou, com orgulho, sócio honorário da Sociedade Protectora). Condeno qualquer programa, acção, ou iniciativa que inclua aproveitamento dos animais. Causa-me repulsa ver os bichos reduzidos a fantoches de entretenimento, manipulados de forma indigna, enjaulados sem remédio. Bem sei que o senhor Cardinalli e outros empresários circenses ficam ofendidos com a questão, apressando-se a explicar que tratam muito bem os animais. A questão não é essa. A questão é que os animais, pura e simplesmente, não pertencem ao circo. A questão é que, tratando-se de seres sem escolha ou razão, cabe-nos a nós, enquanto "seres superiores", ditar-lhes um destino. E diz muito de nós o que decidimos fazer com a nossa força perante os fracos.»

    Eu não teria dito melhor...

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