Há pouco menos de 6 meses atrás não sabia se podia chegar a este dia e comemorá-lo junto de ti! Assustei-me com a probabilidade de te perder daquela forma... Ver-te agarrado às máquinas daquele hospital cinzento ou ouvir os médicos dizer que a esperança podia ser em vão parecia demasiado irreal. Mas a verdade é que cada vez que reflectia com os olhos pousados no teu rosto lembrava-me do nosso passado e sentia saudades do nosso futuro, e sabia que no teu sono profundo, entre o aqui e o além, tu devias estar a encontrar formas e forças para recuperar. Mas eu acreditava. E assim, contra tudo e todos, acordaste!
Recordo com inestimável carinho os nossos pequenos momentos de pai e filha quando eu era pequenina. Se hoje sou alguém que acredita ter força para tudo é graças a ti! Não me deixavas ter medo de nada, mesmo quando eu chorava ao dizer-te que não era capaz de andar na bicicleta se lhe tirasses as rodinhas de trás. Tu dizias que eu era capaz de tudo. E eu era. E fui. E hoje tento ser. Só para que possas orgulhar-te sempre de mim.
Desculpa se rio quando me dizes que eu nunca sigo caminhos fáceis, e que te obriguei sempre a palmilhar trajectos sinuosos só para me protegeres. Faz parte da minha natureza, e a adrenalina está-me nas veias! E assim torno a tua tarefa de pai bem mais aliciante. Ensinaste-me a escavar na areia à procura de moedas. Eu extrapolei. E agora só busco tesouros no mar. Eu sei que vens atrás de mim. Como sempre vieste. Como sempre estiveste. É por isso que somos tão cúmplices, mesmo que apenas no silêncio...
Não, o Dia do Pai não é apenas hoje. Para mim são todos os dias em que te olho e vejo em ti a força e a coragem para enfrentar todas as adversidades que a vida te tem imposto! É esse exemplo que vou seguir.
E amo-te com orgulho, porque não és perfeito. Mas porque também não tens a presunção que eu seja... Etiquetas: Dedicatórias, Efemérides, Família
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