Voz Oblíqua: «A minha vida sem mim»
 
    The Voice Mail

 

Voz Oblíqua

Voz: [subst. fem.] Produção de sons emitidos no ser humano pela laringe com o ar que sai dos pulmões; grito; clamor; linguagem; fig. opinião; poder; inspiração; conselho; sugestão. Oblíqua: [adj. fem.] enviesado; torto; vesgo; fig. indirecto; dissimulado; ambíguo; dúbio.
 
 
 

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    «A minha vida sem mim» sábado, dezembro 09, 2006

    Enquanto a chuva bate na janela com toda a ferocidade, gosto de me esconder debaixo dos cobertores e cultivar o vírus de um síndrome que me há-de ser diagnosticado e nomeado de pigritìa acútu ¹. Com um balde de pipocas ou um saco de Conguitos como companhia, devoro filmes atrás de filmes. De vez em quando desiludo-me com as expectativas, noutras surpreendo-me por durante tanto tempo ter subestimado aquele filme escondido nas prateleiras laterais do vídeo-clube. Ontem à noite aconteceu.

    My life without me

    Ann é uma jovem mãe, trabalhadora, que vive com o seu marido, Don, que conheceu no último concerto de Kurt Cobain antes de este cometer o suicídio. Ann chorava e Don, na tentativa de a ajudar a secar as lágrimas, despiu a sua t-shirt e ofereceu-a. Nunca Ann tinha beijado um rapaz antes, e apaixonou-se irremediavelmente por aquele desconhecido e tiveram a sua primeira filha, Penny, aos 17 anos. Aos 19 anos nasceu a segunda filha do casal, Patsy. No tempo do filme Ann tem 23 anos e vive com a sua família numa caravana estacionada no quintal da sua mãe, uma pessoa amarga por nunca ter conseguido realizar qualquer um dos seus sonhos, e há mais de 10 anos viver sozinha, pois o seu marido está na prisão.

    Lutadora por excelência, Ann contraria a ideia de que as pessoas pobres não são por norma lúcidas, nem sequer felizes. Há já algum tempo sobrevive à tona da água, sem na verdade saber o que é viver!

    Após um desmaio sem prévio aviso, Ann faz um exame médico e descobre que tem um tumor nos ovários, que já se alastrou a outros órgãos, e por isso contará com pouco tempo de vida.

    Num acto puramente solidário para com aqueles que ama, decide não contar a ninguém, e viver o seu tempo terminal numa ocultação da verdade. Em segredo faz uma lista!

    «Coisas para fazer antes de morrer:
    1) Dizer às minhas filhas que as amo várias vezes ao dia.
    2) Arranjar ao Don uma nova mulher de quem as meninas gostem.
    3) Gravar mensagens de parabéns para as meninas até aos 18 anos.
    4) Irmos à praia juntos e fazermos um grande piquenique.
    5) Fumar e beber tanto quanto eu quiser.
    6) Dizer o que penso.
    7) Fazer amor com outros homens para ver como é.
    8) Fazer alguém apaixonar-se por mim.
    9) Ir ver o meu pai à prisão.
    10) Pôr unhas postiças (e dar um jeito ao cabelo).»

    As interpretações dos actores neste filme são brilhantes, e o decorrer das imagens diz mais da história, dos momentos de afecto e das emoções voláteis, que as próprias linhas de fala no guião. Apesar de ser rodado em Toronto (Canadá), e contar com interpretações americanas (com excepção da “nossa” Maria de Medeiros, que toma um papel secundário e o transforma num pilar), a realização é de Isabel Coixet, aqui do país vizinho, que conseguiu levar o que de bom o cinema europeu tem, e dotou o filme de maior veracidade, sem o pintar, como usualmente fazem em Hollywood.

    Um filme 5 estrelas, com uma banda sonora exímia. Um excelente motivo, e ao mesmo tempo uma boa justificativa, para ficar em casa!

    [N.d.r.: Não é fácil escrever um post inteirinho e escusar-me a comentários fúteis e feministas, como o quanto eu gostei do papel de Mark Ruffalo, o quanto ele enforça em carácter e graciosidade o papel do amante que encontra o amor nos lugares e cenários mais estranhos! (E eu aqui, totalmente disponível...)]



    ¹ Corriqueiramente conhecida por "preguicite aguda".

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    1 Comments:

    At 10 dezembro, 2006 00:58, Blogger Sofia.S said...

    Obrigado pela visita!

     

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