Voz Oblíqua: Foi há 70 anos...
 
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Voz Oblíqua

Voz: [subst. fem.] Produção de sons emitidos no ser humano pela laringe com o ar que sai dos pulmões; grito; clamor; linguagem; fig. opinião; poder; inspiração; conselho; sugestão. Oblíqua: [adj. fem.] enviesado; torto; vesgo; fig. indirecto; dissimulado; ambíguo; dúbio.
 
 
 

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    Foi há 70 anos... quarta-feira, novembro 30, 2005

    ...que morreu o boémio sonhador. Incompreendido em vida, enaltecido em morte, viveu na companhia do cimbalino da Brasileira, e aqueceu-se com a poesia, onde encontrava o conforto que precisava.

    Quem me dera ter pertencido a essa geração e poder ter privado com este grande Homem, que é para mim o grande mentor das palavras que dão o alento que por vezes falta "cá" dentro!

    Nestas alturas não se prestam grandes homenagens, porque quem gosta, recorda sempre! Vou apenas partilhar convosco a minha poesia preferida de Pessoa, na vontade que retirem dela todos os ensinamentos que me foram sempre essenciais.


    Fernando PessoaLiberdade

    Ai que prazer
    não cumprir um dever.
    Ter um livro para ler
    e não o fazer!
    Ler é maçada,
    estudar é nada.
    O sol doira sem literatura.
    O rio corre bem ou mal,
    sem edição original.
    E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
    como tem tempo, não tem pressa...

    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.

    Quanto melhor é quando há bruma.
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!

    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.

    E mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças,
    Nem consta que tivesse biblioteca...

    Fernando Pessoa

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    2 Comments:

    At 08 dezembro, 2005 17:42, Blogger Raquel Vasconcelos said...

    Homem fantástico!

     
    At 10 dezembro, 2005 16:36, Anonymous Anónimo said...

    Eu é que sei...
    o quanto nós,
    eu ele e todos os demais iguais, infelizes, através da consciência pesada de quem pensa em tudo e em nada,
    que possa tirar a paz.
    Sortudo é o zé povinho
    sem pão nem vinho, mas feliz,
    por apenas ver a ponta do seu nariz, não por maldade, mas antes benção,
    e à noite dormir tranquilo,
    sem se preocupar,
    com os porquês que ninguem pergunta
    podendo assim descançar,
    para ao invés de enfrentar, saborear,
    mais uma manhã sorridente,
    faça sol ou faça chuva,
    e esboçar um sorriso tranquilo,
    na alma.

     

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